sexta-feira, 29 de maio de 2015

HOTEL

Hotel é um livro espetácular, que merecidamente ficou nove meses na lista de best-sellers do Time. Sua narrativa consegue prender o leitor do princípio ao fim, pois descreve a rotina de um grande hotel, dispensando descrições que seriam maçantes e atendo-se à fatos interessantíssimos da vida de seus hóspedes e empregados. Tudo se passa em cinco dias no Hotel St. Gregory, na cidade de Nova Orleans. Estão presentes no livro intrigas e acontecimentos ocultos pela fachada de um grande estabelecimento. Ficam expostos o caráter de seus hóspedes (ilustres ou não) e de seus administradores. Os personagens memoráveis se multiplicam. Warren Trent é o proprietário, tem um gênio reconhecidamente difícil e reluta em se desfazer do sonho de sua vida. Cristina Francis vive uma tragédia pessoal, pois perdeu sua família de forma trágica; apesar disso,entrega-se ao trabalho com eficiência e alegria. Peter McDennot é o gerente, um homem ainda jovem e muito eficaz em resolver problemas e buscar novos rumos administrativos, mas prisioneiro de um erro passado que bloqueia sua ascensão profissional. Marsha Preyscott é uma adolescente mimada e muito rica que não tem escrúpulos em conseguir o que quer. A. Royce está prestes a se formar na universidade, é jovem, negro, inteligente e foi criado por Warren Trent depois que seu pai faleceu. Quanto aos hóspedes, Curtis O'Keef é comerciante, gozador dos prazeres da vida e muito religioso (segundo o próprio), mas seu desejo é comprar o hotel para que faça parte de sua cadeia. Sua companheira de cama e viagens é Dodo Lash, uma mulher que esbanja sensualidade e sabe conseguir o máximo de Curtis . O Dr. Ingram é um homem que tem princípios e valores que faz questão de preservar, desafiou o "Hotel "e obteve o desprezo de seus colegas de convenção. Um casal de nobres composto do Duque de Croydon (covarde) e de sua esposa muito fria e arrogante é responsável por um caso de duplo homicídio. Albert Wells é um idoso que de nada reclama e escapa da morte em um dos quartos do hotel. Mas o próprio St. Gregory é o personagem. A história, os segredos e soluções surpreendentes são contadas por um mestre, um autor que sem dúvida ama o que faz, pois só assim lhe seria possível sentir-se como cada um dos personagens e dar um tom fascinante a cada página deste livro.

Por: Dalia Hewia

SETE VIDAS

O personagem Ben (Will Smith) é um homem atormentado pelo passado e pela culpa de um erro fatal. Para se redimir perante sua consciência, resolve mudar a vida de sete pessoas escolhidas a dedo e segundo seus critérios, merecedoras de receber uma graça especial, capaz de mudar suas vidas. Ele assume a personalidade de um fiscal do imposto de renda para ter acesso a informações secretas e precisas das pessoas por ele escolhidas e assim, garantir o acesso as mesmas, a suas tristezas e expectativas..Então surge o inesperado, quando uma jovem que sofre de doença cardíaca congênita consegue penetrar na muralha dos sentimentos de Ben.Conseguirá ele ir adiante com o seu plano cuidadosamente traçado? O suspense também permeia o filme e está presente num estranho pacto feito entre dois amigos e ao simbolismo de uma água-viva criada num aquário.O enredo é bem elaborado e o filme dispensa efeitos especiais, mas o romantismo está presente em diversos momentos.Apesar da carência de ação em algumas cenas, o drama desperta emoções intensas no espectador, porque joga com o emocional dos personagens durante todo o tempo.


Por: Dalia Hewia

quinta-feira, 21 de maio de 2015

O ALEPH

O Aleph marca a volta de Paulo Coelho às origens. Num relato pessoal franco e surpreendente, ele revela como uma grave crise de fé o levou a sair à procura de um caminho de renovação e crescimento espiritual. Para se reaproximar de Deus, o mago resolve começar tudo de novo: viajar, experimentar, se reconectar às pessoas e ao mundo. E assim, entre março e julho de 2006, guiado por sinais, visita três continentes - Europa, África e Ásia -, lançando-se em uma jornada através do tempo e do espaço, do passado e do presente, em busca de si mesmo. Ao longo da viagem, Paulo vai, pouco a pouco, saindo do seu isolamento, se despindo do ego e do orgulho e se abrindo à amizade, ao amor, à fé e ao perdão, sem medo de enfrentar os desafios inerentes à vida. Da mesma maneira que o pastor Santiago em "O Alquimista", o escritor descobre que é preciso ir para longe a fim de compreender o que está perto. A peregrinação o faz se sentir vivo novamente, capaz de enxergar o mundo com olhos de criança e de encontrar Deus nos pequenos gestos cotidianos. "A viagem não foi para encontrar a resposta que estava faltando na minha vida, mas para voltar a ser rei do meu mundo. Estou de novo conectado comigo e com o universo mágico à minha volta. É isto que faz a vida interessante: acreditar em tesouros e milagres.


Por: Dalia Hewia

SIM SENHOR

Carl Allen (Jim Carrey) ainda não se recuperou do fim de seu casamento e por isso vive procurando se isolar de tudo e todos, até dos amigos. Ele vive entediado entre casa e trabalho e recusa todos os convites que recebe. Carl é anti-social e amargurado, mas isso apenas até o dia em que resolve assistir e se engajar num programa de auto-ajuda cuja filosofia baseia-se em dizer sim a tudo, a todos os convites ou acontecimentos imprevistos. Resolvido a mudar sua vida e encontrar a felicidade, Carl exagera e passa a dizer sim a todas as oportunidades que se apresentam. No início tem algumas surpresas desagradáveis que no entanto se transformam em aprendizado e ele vivencia uma mudança para melhor em todos os aspectos de sua vida. Tem aulas para ser piloto, aprende um idioma curioso, salta de bungee jumping e vive aventuras radicais que garantem ao longa momentos divertidíssimos. No entanto, radicaliza e só quando perde uma garota especial que surgiu abruptadamente em sua vida, consegue achar o equilíbrio entre a tomada de decisões, entre um sim para o novo e um não para uma "roubada". No desenrolar do filme, ele também aprende o significado da palavra solidariedade e vira até herói, impedindo um suicídio. O final é feliz, garantindo ao protagonista uma vida plena de acontecimentos surpreendentes ao lado da namorada que consegue finalmente reconquistar. O filme enfatiza a importância de todas as pessoas terem a coragem de arriscar, de abrirem-se para o novo, de pisarem no terreno do desconhecido, que nem sempre é seguro mas traz a promessa de experiências fascinantes e enriquecedoras, capazes de revolucionar vidas!

Ficha Técnica:

Direção: Peyton Reed
Gênero: Comédia
Ano: 2008
Origem: EUA/Austrália
Duração: 104 minutos
Elenco: Jim Carrey, Bradley Cooper, Zooey Deschanel, Sasha Alexander, Karen Bankhead

Por: Dalia Hewia

segunda-feira, 18 de maio de 2015

A OUTRA HISTORIA AMERICANA



A Outra História Americana é um filme denso, polêmico, que tem o dom de provocar no espectador os mais diversos sentimentos, passando pela tristeza,ira, revolta, esperança, medo... um medo antecipado do desfecho, um medo que se mostra justificado e doloroso. O filme conta a história de Derek (Edward Norton), um rapaz lindo e cheio de ódio pelas minorias, um líder de bairro para todos os jovens com tendências delinquentes. O pai de Derek era bombeiro, mas um dia em pleno trabalho num bairro negro, foi assassinado (baleado) por marginais. Derek sempre teve muito amor por todos de sua família tão numerosa. Como se o fato fosse uma justificativa, o que vemos depois é um ódio desenfreado aos negros, judeus e imigrantes. Derek obedece ao chefão da organização neonazista, Cameron(Stacy Keach), um tipo covarde que capta pessoas carismáticas para serem líderes e executarem as ações de ódio que ele planeja. Numa noite, um grupo tenta roubar o carro de Derek. Avisado pelo irmão Danny (Edward Furlong), o lindo loiro pega a arma e mata dois negros, sendo que um deles com requintes de crueldade. Boa parte do filme é narrada pela redação (composição) de Danny, um trabalho exigido pela escola onde estuda. Então, nessa cena muito forte,Danny nos conta um pouco do que sentiu e diz que até aquela data conseguia ouvir o som da cabeça do negro se abrindo... Ao mesmo tempo vemos a cena brutal no meio-fio. Em instantes a polícia chega e prende Derek, um Derek que agora exibe um olhar completamente demoníaco, onde se misturam ódio, orgulho, arrogância e loucura... Ele é condenado e preso, mas na penitenciária não consegue se adaptar. Passa a fazer parte de um grupo de neonazistas, mas só até perceber que eles tinham negócios com hispânicos e que a verdadeira ideologia (na qual ele acreditava), passava longe do grupo. Desafia a turma e diz o que pensa. Em represália, é estuprado no chuveiro e o ato é consumado com tanta violência que ele vai parar no hospital, onde recebe a visita de um professor negro (escola do bairro onde morava), que conhece Derek de longa data. Ele o avisa que seu irmão Danny está trilhando o mesmo caminho, que também está ouvindo e seguindo as idéias de Cameron. O professor o faz pensar quando ensina a Derek a pergunta certa que ele deve fazer a si mesmo: "Alguma coisa que eu fiz tornou a minha vida melhor?" Ele não é o único a dar esse alerta, porque a mãe de Derek (uma mulher sofrida, ansiosa e com sentimento de culpa) também foi visitá-lo e deu o mesmo recado. Derek sente-se impotente, mas passa a reavaliar seus conceitos, a pensar por sua própria cabeça, em grande parte graças a amizade que surge entre ele e um negro. Seu colega o ajuda a contar e dobrar cuecas e lençóis na prisão. Ele consegue não só conversar com Derek e fazê-lo rir, como também protegê-lo de uma morte certa. Passados três anos, Derek é posto em liberdade. Ele agora é um homem que decidiu mudar de vida. Vai até Cameron, conta sua decisão, dá-lhe uns murros e o ameaça, dizendo que fique longe de seu irmão mais novo (Danny). Conversa também com o irmão, diz que percebeu o quanto errou e as ideias pacifistas se encaixam perfeitamente em suas novas falas. Tudo uma maravilha, se não fosse pelo final trágico e doloroso. Danny vai ao banheiro na escola, hoje é o dia em que ele finalmente irá entregar o trabalho de redação. Não, infelizmente isso não acontece, porque antes, numa cena chocante com direito a espirros de sangue, Danny é atingido em cheio por disparos vindos da arma de um outro aluno (negro). O que se vê depois disso é um Derek em desespero, agarrado ao corpo ensanguentado de Danny. O que fica no ar depois disso é a polêmica, uma sugestão muito clara sobre o ódio racial, um ódio injustificado que está presente em todos os grupos. Aplaudo entusiasticamente a atuação magnífica de Edward Norton, que dá um verdadeiro show!


Ficha Técnica:


Origem: EUA,1998
Duração: 119 minutos
Gênero: Drama
Direção: Tony Kaye
Roteiro: David McKenna
Música: Anne Dudley
Fotografia: Tony Kaye
Figurino: Douglas Hall
Elenco: Edward Norton, Edward Furlong, Beverly D'Angelo, Jennifer Lien, Ethan Suplee, Fairuza Balk, Avery Brooks



Por: Dalia Hewia

A VIDA SECRETA DOS GRANDES AUTORES

 A Vida Secreta dos Grandes Autores é um livro inovador, porque mostra o lado humano daqueles que muitas vezes são rotulados como ídolos ou gênios. O livro expõe as fraquezas e as particularidades de autores consagrados,tais como: Shakespeare, Kafka, Lewis Carrol,Virgínia Wolf, Honoré de Balzac, Agatha Christie, Leon Tolstói, Edgar Allan Poe,Charles Dickens e muitos outros em páginas ilustradas por Allan Sieber (nascido em Porto Alegre), um quadrinista, cartunista e diretor de animação pra ninguém botar defeito.
 Com muito humor, Robert Schnakenberg narra histórias interessantes e inusitadas. Ele cita (por ex.) que Mark Twain certa vez proferiu uma palestra inteira sobre o ato de expelir gases diante de uma platéia que incluía a rainha Elizabeth I. Ele gostava tanto de gatos, que em seus últimos anos chegou a alugar os gatos dos vizinhos para ter companhia. Já Tolstói causou um profundo trauma na esposa ainda na sua noite de núpcias, pois obrigou-a a ler o seu diário (de Tolstói) com relatos picantes de suas aventuras sexuais com outras mulheres, incluindo as criadas. Esta foi a idéia que ele fazia de abertura e sinceridade, mas em relação à Sonya foi um desastre total, porque no dia seguinte ela escreveu em seu próprio diário o asco que sentiu ao ser submetida a tal "imundície". Agatha Christie tinha uma rara doença chamada disgrafia, o que significava que era incapaz de escrever de maneira legível. Por esse motivo todos os seus romances foram ditados. Dickens certa vez admitiu que era impelido ao necrotério por forças invisíveis. Tratava-se do Necrotério de Paris, onde a exposição pública de cadáveres não identificados ocorreu por todo o transcorrer do século XIX. Dickens tinha uma estranha fascinação pelo lugar e era capaz de ir até lá por dias seguidos, obcecado com os cadáveres de andarilhos afogados e outros infelizes abandonados. Ele chamava de "atração pela repulsa" o sentimento que o invadia nesses momentos. Também era compelido a visitar as cenas de crimes famosos e a aprofundar-se em detalhes de crimes sensacionalistas com uma curiosidade mórbida. Esses fatos curiosos e muitos outros estão descritos no livro de fácil leitura, que diverte e diminui a distância entre leitor e autor. O leitor se eleva à posição de observador e crítico e o autor deixa de ser ícone por algum tempo e desce ao patamar onde ambos se encontram; humanos, passíveis de erros, mas tendo em comum o livro como objeto de desejo, prazer e consumo.

Por: Dalia Hewia

sexta-feira, 15 de maio de 2015

SOB O SOL DA TOSCANA

 Qualquer tentativa de resumir o filme pode minimizar a importância do mesmo e as sensações que ele provoca no espectador. É um filme romântico mas não apenas isso, acho que o maior enfoque que deve ser dado ao longa, é a mensagem que, na vida devemos estar sempre atentos aos sinais que nos direcionam em qualquer caminho e também abertos ao novo e a novas experiências.
 O filme tem uma direção primorosa, fotografia belíssima, figurino impecável e aborda diversos temas presentes na vida de todos. O valor da amizade é evidenciado de forma delicada e ao mesmo tempo intensa, a busca do amor está presente em quase todas as cenas, a luta para superar o preconceito nas mais variadas formas também. O início é sobre o término do casamento de uma escritora, que resolve viajar para a Toscana onde compra e reforma uma casa quase em ruínas. Tentando superar sua dor a protagonista passa ainda por mais obstáculos, até que é recompensada com tudo o que sempre sonhou. Vale a pena conferir, inclusive pelas citações de Federico Fellini. Eu super recomendo.

Ficha Técnica:

Ano: 2003
País: EUA
Direção: Audrey Wells
Gênero: Comédia/drama/romance
Roteiro: Audrey Wells, Frances Mayes
Produção: Audrey Wells, Tom Sternberg, Sandy Kroopf
Fotografia: Geofrrey Simpson
Direção de Arte: Gianfranco Fumagalli e Gianni Giovagnoni
Figurino: Nicoletta Ercole
Música: Christophe Beck
Elenco: Diane Lane, Sandra Oh, Raoul Bova, Pawel Szadja, Giulia Steigerwalt, Anita Zagaria.
Duração: 115 min



Por: Dalia Hewia

PIRATAS DO CARIBE 4



Ação, mistério, suspense e comédia se fundem em Piratas do Caribe 4. O filme, dirigido por Rob Marshall, descreve a tentativa incansável de Sparrow em prol de recuperar seu navio sob o domínio do Barba Negra. No início Sparrow vai à Londres tentar resgatar um tripulante e lá chegando, toma conhecimento de fatos que o farão correr riscos em prol de uma vitória digna.
No longa , Jack Sparrow (Johnny Depp) é tripulante em seu próprio navio (Pérola Negra) e suas peripécias incluem uma cena de amor onde relembra o passado. Angelica (Penelope Cruz) é a filha de Barba Negra e Sparrow não sabe se acredita na cumplicidade da mesma ou se prefere dar crédito à extrema prudência que o faz desconfiar estar ela apenas com a intenção de defender seus próprios interesses e os de seu pai. Angelica quer chegar na Fonte da Juventude a fim de prolongar a vida de Barba Negra. Um armário guarda garrafas que escondem mistérios, dentro de cada garrafa um navio que foi tomado, simbolizando a derrota, a troca de domínios e a fragilidade do poder.
 As cenas que também merecem destaque são as que envolvem seres de beleza extraordinária, mas perigosos. Em noite iluminada sereias cantam, encantam e levam pro fundo do mar os tripulantes do navio. Eles tem a difícil missão de conseguir uma lágrima de uma sereia e depois de muito esforço e de conflitos que nos levam a questionamentos de valores, conseguem o intento.
 Permanece para o espectador o desejo de uma continuação, onde a saga possa concluir a posse do navio por quem de fato merece, o dono de um olhar extremamente sedutor, Jack Sparrow.


Ficha Técnica:
Direção: Rob Marshall
Gênero: Aventura
Duração: 137 min.
Distribuidora: Disney Brasil
Elenco: Johnny Depp, Geoffrey Rush, Ian McShane, Penélope Cruz, Stephen Graham, Sam Clafin, Max Irons, Astrid Bergès-Frisbey, Keith Richards.




Por: Dalia Hewia

quinta-feira, 14 de maio de 2015

FILHOS DO SILÊNCIO


O filme "Filhos do Silêncio" aborda com muita delicadeza o tema deficiência auditiva. Sarah (Marlee Matlin) é surda e foi sexualmente abusada pelos amigos da irmã. Aqui cabem uma pausa e uma reflexão. A irmã de Sarah facilitou esse ato por que motivo? Apenas por achar que pessoas surdas só serviam mesmo para coisas semelhantes. Irmãs podem ser cruéis e muitas vezes são mesmo. A violência começa na própria família na maioria das vezes, segundo estatísticas. O medo (nosso mais cruel inimigo) se instala no lugar menos indicado e com pessoas com quem deveríamos nos sentir mais confiantes. No filme, Sarah tem muitos bloqueios, não só pelo abuso sexual mas também pela rejeição dos pais. Ambientado numa escola especializada para surdos onde Sarah já foi aluna e atualmente trabalha, o filme tem diversas cenas que enfatizam o respeito que devemos ter com as pessoas que tem deficiência, um respeito que difere de pena, um respeito que demonstra que a tolerância se faz necessária para que as pessoas com dificuldades possam desenvolver suas habilidades. O professor James Leeds (William Hurt) é especialista no trabalho com pessoas que possuem deficiência auditiva. Ele tenta fazer seus alunos falarem com o apoio da música. Leeds é professor de Sarah. Os dois apaixonam-se,
mas Sarah dificulta o relacionamento, ela reluta em aceitar a ajuda de Leeds. Ele por sua vez tenta impedir que ela se feche cada vez mais em seu mundo. Dessa troca surge em Sarah uma vontade imensa de viver seus sonhos e de ser independente, pois ela acredita em seu potencial. A atriz Marlee Matlin ganhou o Oscar por sua atuação primorosa no filme. Filhos do Silêncio é um filme do gênero "drama",de 1986(EUA),tem duração de 119 minutos e nos faz pensar sobre o preconceito, a exclusão, as possibilidades imensas e inexploradas de quem tem uma deficiência e as dificuldades enfrentadas no cotidiano dessas pessoas.
A audição é o sentido responsável por captar as ondas sonoras que nos rodeiam. A surdez pode causar graves problemas emocionais ou psicológicos, alterações ou inexistência de fala ou aprendizado, ansiedade, insatisfação, tristeza, depressão, etc. A maioria das pessoas com perda auditiva pode ser ajudada com prótese, cirurgia ou tratamento médico. Existem basicamente dois tipos de surdez: a neurosensorial (que ocorre no nervo auditivo) e a de condução (quando os estímulos externos são conduzidos de forma falha ou deturpada para o ouvido interno).

Ficha Técnica:

Gênero: Romance
Direção: Randa Haines
Roteiro: Hesper Anderson, Lloyd Fonvielle, Mark Medoff
Elenco: Allison Gompf, Georgia Ann Cline, John F. Cleary, Marlee Matlin, Philip Bosco, Piper Laurie, William Hurt
Produção: Burt Sugarman, Patrick Palmer
Fotografia: John Seale
Trilha Sonora: Michael Convertino
Duração: 119 min.
Ano: 1986
País: Estados Unidos
Cor: Colorido


Por: Dalia Hewia

O AMOR VEM DEVAGAR

Janete Oke tem o dom, porque seus livros se transformaram em filmes de sucesso onde o romantismo dá o tom,  junto com o sentimento de religiosidade e valores familiares importantes, que exemplificam em cenas simples mas profundas e comoventes, a importância do amor.
O filme O Amor Vem Devagar, ambientado no século IXX, conta a saga de um casal que se lança numa aventura igual a de muitos pioneiros na época de colonização dos EUA.  Junto com suas carroças e cavalos eles levam seus sonhos e esperanças de uma vida a dois com um lar, filhos e um local agradável e propício para plantar e amar.  O sentimento que os une os torna leves,  em contraste com a pesada carga que Marty Claridge (Katherine Heigl) faz questão de manter: seus livros. Livros pesadíssimos que permaneceram nas carroças apesar dos protestos de seu esposo Aaron Claridge (Oliver Macready), que não achou sensato eles terem que se desfazer dos próprios alimentos e conservarem os livros. Marty entendia que os livros eram o alimento da alma. 
Finalmente eles acham o local perfeito para se fixarem, mas logo no início, um dos cavalos foge no meio da noite, seu esposo vai atrás dele e não volta. Um tombo do cavalo e a batida forte de sua cabeça numa pedra dão novo rumo a história recém iniciada do casal. A morte chega para trazer um novo início. O corpo de seu marido é depois encontrado e no dia do enterro, em meio ao desespero e a dor de Marty, um homem faz a ela uma proposta de casamento, num momento marcante, com a chuva caindo forte sobre os dois. Ele é o também viúvo Clark Davis (Dale Midkiff) que oferece a ela um casamento de conveniência, por precisar de uma mulher que possa ser mãe de sua filha e ensinar para sua rebelde menina boas maneiras, docilidade e valores familiares, perdidos pela prematura morte de sua esposa. Marty está só, fragilizada, confusa e grávida. É convencida por uma família do local (do xerife) a aceitar o casamento, onde terá abrigo, moradia e alimento. 
 O casamento é realizado numa cerimônia rápida, porque no velho oeste americano todos tinham que ser práticos, mas ali, naquele momento, quando Marty nem mesmo queria dar a mão para seu esposo, a mão do destino já estendia generosamente seu amor em direção ao casal.
No início tudo foi difícil para Marty e para Missie (Skye McCole Bartusiak), porque a menina não aceitava outra mulher na vida de seu pai e no lugar de sua mãe e Marty, por sua vez, não conseguia enxergar todos os gestos solidários e carinhosos de Clark, ela não conseguia realmente abrir os olhos e ver a beleza e o amor presentes nos mais diversos momentos da rotina de sua nova família. Aos poucos, sem que elas percebessem, o amor que chega devagar, se torna mais e mais forte, a ponto de não só unir os três, como também de transformar a rebeldia da menina em suavidade e gratidão. Clark desde o início se agarra a esperança que aquele relacionamento frutifique em bençãos, já que tem uma forte devoção a Deus e até dia programado para uma conversa mais longa com o criador, onde expõe seus pensamentos e sentimentos e adquire novas forças para enfrentar os desafios dos dias e das noites. 
Marty tem seu bebê em casa e quem faz o parto é Clark, que inclusive já tinha feito também o berço pra embalar a criança. A partir daí os três vivem felizes, mas Marty precisa ter certeza que é amada, então deixa dentro da bíblia um bilhete para o marido, onde ela diz que se ele a ama, deve pedir que ela fique, porque o combinado anteriormente entre os dois seria a partida dela na primavera, caso desejasse. Ela então vai embora e embarca no trem, triste e  achando que Clark não a ama. Clark também triste e angustiado em sua casa, chora e reza e só então vê o bilhete. No melhor estilo romântico, dispara num cavalo, grita o nome de Marty, faz parar o trem e se declara, trazendo sua esposa de volta para casa. 
Merecem também destaque as cenas em que Marty desfaz um vestido seu e costura com o tecido um lindo vestido para Missie e esta chama favoravelmente a atenção de todos (meninos e meninas) quando chega na igreja. A cena de Marty matando e preparando sozinha uma galinha para o almoço, por ter se sentido desafiada por Missie, a outra em que Clark sem querer surpreende Marty na banheira e em seu olhar transparece o desejo, assim como quando ele sai em desespero em meio a uma forte nevasca para salvar Marty, conferem humor, emoção e esperança aos expectadores, porque afinal, se o amor vem devagar, as vezes ele chega pra ficar.
No total são doze os filmes baseados nos livros da autora canadense, vale a pena conferir.


Ficha Técnica:

ANO: 2003
Gênero: Drama
DIRETOR: Michael Landon Jr.
ELENCO: Adam Loeffler, Corbin Bernsen, Dale Midkiff, Katherine Heigl, Nick Scoggins, Oliver Macready, Rutanya Alda, Skye McCole Bartusiak, Theresa Russell, Tiffany Amber Knight


Por: Dalia Hewia

O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON

  Nasce um homem. Ou seria melhor dizer um velho? Quem sabe, um bebê? Como nomear algo que é estranho, completamente diferente da realidade que se conhece? Melhor seria dizer que nasce uma pessoa com aparência e características de um idoso com mais ou menos oitenta anos. Isso acontece em Nova Orleans, no final da I Guerra Mundial, em 1918. O longa "O Curioso Caso de Benjamin Button", dirigido por David Fincher, narra a história desse nascimento incomum, o choque que ele provoca e os acontecimentos que se sucedem na vida de Benjamin (Brad Pitt). Paralelamente, também no início do filme, uma cena mostra uma história que é contada, uma história de amor que desperta lembranças saudosas. Num hospital, Daisy (Cate Blanchett) está moribunda e sua filha é quem narra o passado.
O filme é baseado num conto escrito em 1920 por F.Scott Fitzgerald.
Voltando ao filme: Benjamin e Daisy se conhecem quando ambos tem cinco anos, ele um idoso e ela uma criança. Benjamin é deixado pelo pai (que ficou viúvo) na porta de um asilo para idosos, local frequentado por Daisy, que vai visitar sua avó. Misteriosamente, com o passar do tempo, Benjamin vai ficando mais jovem, como se o relógio biológico andasse ao contrário. Nessa mesma linha do tempo, Benjamin e Daisy precisam se encontrar em alguma idade compatível aos dois, para que um relacionamento(inclusive físico) seja possível de se concretizar.Ao longo do filme, Benjamin vive todos os sentimentos e conflitos da maioria das pessoas: alegrias, tristezas, perdas, conquistas, etc. Ele trabalha como marinheiro e em suas viagens passa por experiências que são ensinamentos valiosos para sua vida e para a vida de qualquer espectador. Benjamin e Daisy encontram uma interseção, se apaixonam, casam-se e tem uma filha que desconhece sua paternidade até o final, quando lê um diário para sua mãe. Na minha opinião um filme bonito, emocionante, com impressionantes efeitos de maquiagem e computarizados, um filme que fala sobre um homem consciente de que não pode parar o tempo, apenas usá-lo em proveito de um sentimento que não conhece barreiras e que permanece sempre: o amor incondicional.


Gênero: Drama

Direção:David Fincher
Duração:166 minutos
Roteiro: Eric Roth e Robin Swicord
Elenco:Brad Pitt, Cate Blanchett, Julia Ormond, Tilda Swinton, Elias Koteas, Kimberly Scott Jason Flemyng, etc.


Por: Dalia Hewia


quarta-feira, 13 de maio de 2015

CRÍTICA DO FILME 50 TONS DE CINZA

O filme Cinquenta Tons de Cinza veio pra marcar, marcar cinquenta tons de decepção em cada espectador que vai ao cinema esperando no mínimo uma atuação que faça jus ao frenesi que marcou a trilogia. Começando pelo ator escolhido (na minha opinião, péssima escolha por sinal) Jamie Dornan que interpreta (ou tenta) o milionário Christian Grey e passando pelas cenas que ao invés de sexo  quente e sacana, oferecem fracos indícios de morna libido entre Christian Grey e Anastasia Steele (Dakota Johnson) e terminando absurdamente sem uma lógica ou cena marcante que não provoque brados de insatisfação nas salas de exibição dos cinemas. A história é baseada na obra de  Erika Leonard James e conta o envolvimento de um milionário e uma moça simples, um velho clichê mas apoiado em situações e momentos de forte apelo sexual e de cenas altamente instigantes para qualquer pessoa, mas isso acontece apenas nos livros, especificamente o primeiro é o mais interessante, já na película pouco acontece. Existe um contrato cheio de cláusulas de favores e recompensas sexuais, mais explorado nas cenas que o sexo que deveria acontecer entre os dois. No filme, o ator não convence como um adepto de sadomasoquismo, suas  expressões faciais se alternam entre trejeitos exagerados onde um sorrisinho forçado está sempre presente ou uma seriedade que nada passa ao espectador, nenhuma emoção ou empatia que mereça crédito. Dirigido por  Sam Taylor-johnson, o longa merecia mais cuidado e menos sutileza nas cenas de sexo, aliás insinuado no melhor estilo papai e mamãe. A cena da perda da virgindade de Anastasia foi rápida, vazia, sem graça, assim como os momentos no tal quarto dos brinquedos. Sobre o quarto vermelho (dos brinquedos sexuais), acho que foi a imagem que mais agradou no filme em se tratando do quesito sexo. Christian tem tudo: dinheiro, poder (inclusive de se teletransportar como um super herói em segundos para todos os lugares onde Anastasia está e de endereço ignorado por ele), aparência, notoriedade, fama. Anastasia não tem nada disso, no entanto, tem conteúdo e se entrega ao amor que sente com confiança, ultrapassando nessa entrega seus limites, apenas para ensinar a Christian que o amor é capaz de quebrar regras e vencer barreiras. Anastasia está bem no papel, mas exagera no gesto de morder os lábios e a excitação que demonstra antes mesmo que algo aconteça. Não há suor.brotam poucas lágrimas, não há nada instigante, que deixe quem assiste ansioso pelo que poderá ver ou por aquilo que poderá acontecer. Não há grandes surpresas. A história teria tudo para se transformar em vários filmes de sucesso não só de público e arrecadação, mas também de crítica e satisfação para todos os cinéfilos mas ao contrário, deixou quase tudo a desejar. Por falar em desejo, que os próximos filmes possam satisfazer aos desejos. De todos.


Ficha Técnica:



Gênero: Drama


Direção: Sam Taylor-Johnson


Roteiro: E.L. James, Kelly Marcel


Elenco: Andrew Airlie, Ann Wu-Lai Parry, Anna Louise Sargeant, Anne Marie DeLuise, Anthony Konechny, Brent McLaren, Callum Keith Rennie, Chad Fortin, Dakota Johnson, Dylan Neal, Eloise Mumford, Emily Fonda, Jamie Dornan, Jason Cermak, Jason Verner, Jennifer Ehle, Jo Wilson, John Specogna, Jordan Gardiner, Julia Dominczak, Kirt Purdy, Luke Grimes, Marcia Gay Harden, Matthew Hoglie, Max Martini, Megan Danso, Peter Dwerryhouse, Rachel Skarsten, Raj Lal, Reese Alexander, Rita Ora, Steven Cree Molison, Tom Butler, Victor Rasuk

Produção: Dana Brunetti, E.L. James, Michael De Luca

Fotografia: Seamus McGarvey


Montador: Lisa Gunning


Trilha Sonora: Danny Elfman


Duração: 125 min.


Ano: 2015


País: Estados Unidos


Cor: Colorido


Estreia: 12/02/2015 (Brasil)


Distribuidora: Universal Pictures


Estúdio: Focus Features / Michael De Luca Productions / Trigger Street Productions


Classificação: 16 anos


Informação complementar: Baseado na obra de E.L. James.



Por: Dalia Hewia

QUESTIONAMENTOS E RESUMO: O SEGREDO DOS SEUS OLHOS







Tradução para espanhol pode ser lida em:

https://daliahewia.wordpress.com/2015/03/27/mis-preguntas-y-resumen-de-la-pelicula-el-secreto-de-sus-ojos/



Meus questionamentos sobre o filme:


- Benjamin Espósito era apaixonado por sua chefe imediata Irene Hastings, que também era apaixonada por ele, fato percebido por todos. Por que Benjamin não se declara por anos a fio? Que tipo de insegurança leva uma pessoa a passar vinte e cinco anos amando outra e no entanto sem coragem de se declarar, com o agravante de que trabalhavam juntos, se viam e conviviam todos os dias.


 - Pablo Sandoval, que no filme é um colega de trabalho e também amigo de Benjamin, morre para salvá-lo. Pablo está na casa de Benjamin porque bebeu além da conta, como sempre. Benjamin foi buscar a esposa de Pablo e Pablo sabe que ambos chegarão em pouco tempo na casa de Benjamin. Homens invadem a casa onde Pablo está, são matadores profissionais e perguntam se ele é Benjamin, ele entende a situação e confirma, mas antes discretamente, esconde os retratos de Benjamin para que não identifiquem corretamente o amigo. A pergunta que não quer calar é: qual a real motivação do gesto? Ele fez isso para salvar a vida do amigo? Ele agiu assim para preservar não só a vida do amigo como a da sua própria esposa que chegaria na casa junto com Benjamin? Ele agiu assim por achar que não era digno de viver mais, já que era um alcoólatra sem chance de remissão e no fundo tinha vergonha de seus atos e da vida que levava?


- Na noite em que Pablo Sandoval é assassinado, os matadores de aluguel entram na casa e perguntam: - você é o Espósito? Insistem na pergunta, perguntam isso três vezes. Então Romano (o mandante do crime , colega de trabalho e inimigo declarado de Benjamin), um também servidor da justiça penal, com anos de experiência, contrata matadores de aluguel e não mostra aos profissionais nem mesmo uma foto do homem que eles tem a missão de matar?


- Ricardo Morales (marido da jovem estuprada e morta por Isidoro Gomes) resolve se mudar para o interior com o objetivo de manter no cárcere por anos a fio o assassino confesso de sua esposa, deixando-o em cativeiro e escondido de todos. No entanto, quando se muda, comunica seu novo endereço em um órgão do governo. Jamais é procurado ou importunado para uma investigação, fato estranho já que Isidoro na época em que foi sequestrado por Ricardo, trabalhava como guarda-costas da então presidente Maria Estela Martinez de Perón. Ninguém se interessou em desvendar o sumiço de Isidoro? No filme Ricardo Morales diz que sabia que o assassino iria atrás de Benjamin para matá-lo, por isso o sequestrou assim que ele saiu da prisão, no entanto Isidoro saiu da prisão para trabalhar como guarda-costas da presidente e também foi útil como espião para o governo da época, em plena ditadura. Ninguém investigou esse sumiço total, inclusive sem aparecimento do seu corpo?



- Isidoro foi desafiado, humilhado e caiu na armadilha que Irene fez para ele. Por que então o objeto de seu ódio seria apenas Benjamin, se ela o interrogou também e se foi graças a percepção de Irene Hastings (olhar de Isidoro para seu decote), que ele caiu na armadilha? Por que Isidoro não tentou perseguir, estuprar ou matar Irene?


RESUMO DO FILME:


O filme O Segredo dos Seus olhos fala de amor, em várias cenas. Fala de um amor doentio de um jovem (Isidoro) por sua amiga de infância e juventude, Liliana Colotto. Isidoro é um jovem que vê no rompimento de um breve namoro com ela, uma forte rejeição e que transforma seu amor em ódio, a ponto de um dia estuprá-la e matá-la selvagemente.

Fala do amor de um funcionário (Benjamin Espósito) por sua chefe Irene Hastings, um amor delicado, frágil e inseguro, que perdura por vinte e cinco anos mas que só ao final desse período é finalmente declarado. fala do amor de um outro homem (Ricardo  Morales), por sua esposa assassinada precocemente e como esse amor o consumia a ponto de transbordar e lhe dar forças para viver e fazer justiça em relação a essa morte. Fala do amor de uma mulher (Irene Hatings), por seu funcionário (Benjamin Espósito), um amor que nutriu suas esperanças de realização por anos, mesmo quando ela e Benjamin estavam casados com seus respectivos cônjuges. Fala do amor em forma de amizade de dois colegas de trabalho (Benjamin e Pablo), onde um dá a vida pela salvação do outro, ou de sua esposa. Fala do amor que a esposa de Pablo sente, a ponto de quase todos os dias desculpar sua embriaguez. Com tanto amor, este filme argentino de 2009 com a direção excelente de Juan José Campanella e baseado no livro La Pregunta de Sus Ojos de Eduardo Sacheri, tem todos os elementos para prender a atenção do espectador do início ao fim.
Benjamin é um oficial de um tribunal penal e chega enfim a aposentadoria, quando resolve escrever um livro e o tema do livro está no roteiro de sua própria vida, é sobre o estupro e assassinato de uma bela jovem, que na época foi investigado (no início a contragosto) por Benjamin e que tomou proporções significativas na medida em que ele dedicou grande parte de seu tempo a desvendar e acompanhar o caso. Uma bela e recém-casada jovem é estuprada e assassinada, seu marido dedica todo o tempo após esse fato a procurar o assassino e conta com a ajuda de Benjamin, que se dedica a desvendar o mistério da porta do apartamento não ter sido arrombada, o que dá margem a se supor que o assasino era pessoa conhecida da jovem morta. Folheando álbuns de família ele observa um jovem com expressão doentia, sempre olhando para ela (Liliana). Vai em busca de informações, as suspeitas se fazem certezas e junto com seu parceiro de trabalho tenta capturar o jovem, Finalmente depois de umas tentativas o fato ocorre num estádio de futebol. Benjamin então interroga sem autorização o rapaz (Isidoro) e graças a um olhar fixo no decote de Irene (sua chefe), o assassino cai numa armadilha, porque Irene abala o emocional e o psicológico de Isidoro, com humihações  e insinuações de que ele seria fraco, com pouco desempenho sexual e que teria pênis muito pequeno. Ele tira o pênis pra fora, diz que meteu fundo e forte na morta e assim, confessando seu crime, inclusive agredindo Irene, vai preso. Logo depois no entanto, é solto pelo inimigo declarado de Benjamin, Romano (seu ressentido colega de trabalho) e passa a trabalhar como guarda-costas da presidente. Intocável, Benjamin e Irene (que se amam mas são covardes para viver esse amor), se separam, porque Irene resolve tranferi-lo para onde estará mais protegido. Era de fácil conclusão que Isidoro tentaria matar Benjamin. No meio do longa, o grande colaborador de Benjamin, seu amigo Pablo, é assassinado a mando de Romano. Quando Benjamin está escrevendo seu livro vai a procura do marido de Liliana Colotto e descobre que ele está vivendo no interior. Vai até lá mostrar os originais do livro, já que os dois tinham criado uma certa simpatia um pelo outro na época do crime e que Benjamin o ajudou, conseguindo capturar o assassino. No entanto, a reação de Ricardo é tensa e fria, ele diz que aquilo pertence ao passado e pede que Benjamin saia de sua casa, que deixe sua vida em paz, mas antes confessa que matou Isidoro com quatro tiros, depois de ficar de tocaia, assim que Isidoro saiu da prisão. Benjamin vai embora desconfiado e lembra de uma frase que o seu amigo Pablo disse e que marca o filme ajudando a desvendar seus mistérios:
"Você pode trocar de casa, de cara, de namorada, de emprego, mas tem uma coisa que você não pode trocar: a sua paixão”.
Benjamin lembra que Ricardo disse mais de uma vez que não queria a morte para o assassino de sua esposa e sim que ele ficasse vivo para sofrer e que prisão perpétua era o que ele merecia. Então ele deixa o carro, volta a pé e fica escondido, quando vê Ricardo levar alimento para um homem preso, um homem já aparentando ser um idoso, um homem que vê Benjamin, o reconhece e implora: "- Por favor, peça para ele falar um pouco comigo, por favor!" Esse preso é Isidoro, o assassino da esposa de Ricardo. Ricardo não o havia matado e sim prendido em cárcere privado por todos esses anos.
O filme acaba com Benjamin finalmente decidido e se declarar e assumir seu amor com Irene, o filme termina com o amor sendo mais uma vez, o ganhador dos prêmios e de todas as indicações a prêmios que o filme merecidamente recebeu.




Prêmios:



Melhor Filme Estrangeiro - OSCAR 2010

Melhor Filme Iberoamericana - GOYA 2010
Melhor Atriz Revelação - GOYA 2010
Premio Especial do Jurado - FESTIVAL DE HAVANA
Melhor Direção - FESTIVAL DE HAVANA
Melhor Atuação Masculina - FESTIVAL DE HAVANA
Melhor Música Original - FESTIVAL DE HAVANA
Prêmio da Popularidade - FESTIVAL DE HAVANA
GRANDE PRÊMIO DO CINEMA BRASILEIRO


Ficha Técnica



Gênero: Romance

Direção: Juan José Campanella
Roteiro: Juan José Campanella
Elenco: Bárbara Palladino, Carla Quevedo, Guillermo Francella, Javier Godino, José Luis Gioia, Pablo Rago, Ricardo Darín, Soledad Villamil
Produção: Mariela Besuievski
Fotografia: Félix Monti
Trilha Sonora: Emilio Kauderer, Federico Jusid
Duração: 127 min.
Ano: 2009
País: Argentina
Cor: Colorido
Estreia: 26/02/2010 (Brasil)
Distribuidora: Europa Filmes
Classificação: 16 anos
Informação complementar: Baseado no romance La Pregunta de Sus Ojos de Eduardo Sacheri



Por: Dalia Hewia

QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO

O filme "Quem Quer Ser Um Milionário", dirigido por Danny Boyle, conta a história de Jamal Malik (Dev Patel), um jovem sem instrução,apaixonado e perseguido por lembranças de uma infância/adolescência com cenas de miséria e violência, porém onde também não faltam risos e esperanças.O longa é baseado numa história real sobre um jovem analfabeto e muito pobre que surpreendeu a todos,provando que tinha uma forma mais "refinada e eficiente" de cultura, aquela que aprendeu nas ruas,porque foi o vencedor num programa de perguntas e respostas na TV.Do mesmo jeito, no filme Jamal é um rapaz de dezoito anos, que fugiu da extrema pobreza e da violência e conseguiu um emprego onde serve chá numa empresa de telemarketing.Com o objetivo de chamar a atenção de uma moça(objeto de sua afeição), ele se inscreve no programa "Quem Quer Ser Um Milionário",de perguntas e respostas.Apesar de ser ignorante, Jamal consegue ir acertando tudo e se transforma numa celebridade..Isso gera um clima de desconfiança geral e surgem questionamentos sobre o rapaz fazer uso de fraude, de ser um embuste, porque não encontra-se uma explicação plausível para aquele jovem que não possui cultura, ser vitorioso num quiz de conhecimentos gerais.Quando Jamal está prestes a ganhar o prêmio máximo oferecido ( vinte milhões de rúpias) e quando só uma pergunta o separa do tesouro, ele é preso e levado para um interrogatório numa delegacia.Desacreditado pela opinião geral e desesperado para provar sua inocência,Jamal vai relatar que momentos vividos por ele são verdadeiras pistas,que as lembranças são respostas para as perguntas que lhe foram feitas,expostas em sua vida de órfão carente de tudo.Ele conta a sua história, fala da favela onde ele e o irmão cresceram,das aventuras juntos, das fugas e dos enfrentamentos com gangues e traficantes e principalmente do afeto por uma garota, um sentimento puro que o motivou a aparecer na TV com o intuito de reconquistar seu único e verdadeiro amor.No filme Jamal diz: "Eu entrei no show porque pensei que ela podia estar olhando, ela é meu destino."No filme, as favelas servem de ponto de partida para falar desse amor , com uma linguagem extremamente popular.A trilha sonora contagia, a dança é um elemento forte.Alguns diálogos do filme são em hindi e essa história emocionante cativa porque ao mesmo tempo em que retrata a vida nas favelas da Índia,conta com a beleza e o lirismo para falar de amor.

Um fato interessante a destacar: o ator que autografa a foto para Jamal ainda criança, é o verdadeiro Amitabh Bachchan, que apresentava a versão indiana do programa de TV "Quem Quer Ser Um Milionário?"A trilha sonora espetacular(premiada com o Oscar) foi composta em apenas vinte dias.
Título Original:Slumdog Millionaire
Gênero:Drama
Direção: Danny Boyle
Roteiro:Simon Beaufoy, baseado em livro de Vikas Swarup
Música:A.R.Rahman
Fotografia:Anthony Dod Mantle
Figurino:Suttirat Anne Larlarb
Elenco: Dev Pastel,Ayush Khedekar,Tanay Chheda,Freida Pinto,Rubiana Ali,Tanvi Ganesh Lonkar,Madhur Mittal,Azharuddin Mohammed Ismail,Ashutosh Lobo Gajiwala,Chirag Parmar,Janet de Vigne,William Relton,etc.
Duração:120 minutos
Obs:Vencedor do Oscar em oito categorias,com o justo reconhecimento, incluindo melhor filme e direção.

Por: Dalia Hewia

O HOMEM NU


 

Resolvi escrever sobre esse filme porque agora, em tempos modernos (?) voltou a antiga moda de usar a nudez pra chamar a atenção, o que não foi o caso desse roteiro, mas que traz em si uma ótima oportunidade pra se pensar nas diversas vezes, várias ao dia, em que nos calamos, sufocando nossos desejos, objetivos, medos e anseios.
O ato de desnudar o corpo é uma rebeldia da alma.

O Homem NU



O filme é antigo (1997) e o ator que dá vida ao personagem também é antigo na arte de representar bem cada papel ao longo de sua carreira. O longa conta a história de Sílvio Proença (Cláudio Marzo), um escritor, pesquisador e poeta entediado com sua rotina, mas que se deixa levar por dias e noites mornos e chatos, até que um imprevisto (chuva e consequente cancelamento de seu voo para São Paulo e compromissos de trabalho onde irá divulgar seu livro) o obriga a mudar, circular nu pelas ruas e tentar sobreviver assim, sem enlouquecer e sem se entregar: aos loucos, a polícia, aos radicais,aos tarados, aos fofoqueiros de plantão e a todos os tipos que fazem de qualquer sociedade um hospício ambulante.

Com o voo cancelado, ainda no aeroporto, Proença encontra um grupo de antigos amigos e conhece Marialva (Isabel Fillardis), a quem continua conhecendo um pouco mais no apartamento dela, onde os amigos passam grande parte da noite regada a bebida e música. Conhece ainda mais a fundo Marialva,na cama, fato que dá início a trama.
Quando a manhã chega trazendo a ressaca, Sílvio ainda confuso se levanta e vai pegar o pão que está na porta, mas claro que o destino,ali de prontidão, dá uma empurrada maldosa no vento que estava quieto e bate a porta, deixando Proença do lado de fora, como veio ao mundo. O homem nu tenta em vão entrar, toca a campainha e bate na porta, mas Marialva não abre, não ouve, não quer ouvir, porque está ainda sonhando com a noite passada, sonhando no banho, acordada. Proença que agora está do lado de fora da sua própria vida até então chata mas segura, passa a ficar sempre no olho do furacão, tentando fugir, tentando conseguir alguma roupa, tentando se comunicar, explicar, tentando qualquer salvação, tentando, tentando... O desenrolar da história é um tapa sempre bem-vindo e bem dado na cara da hipocrisia social. O longa enfatiza a fofoca e como o fenômeno vai adquirindo proporções incontroláveis, o puritanismo, a maldade, a constante falta de apuração da verdade dos fatos, a multidão com sede de tragédias e o oportunismo de quem tenta se beneficiar da desgraça do outro, seja de que forma for, principalmente a mídia, com ênfase para programas de tv e repórteres atrás de uma reportagem que possa dar audiência e quem sabe lhe trazer elogios e uma promoção.
No filme,depois de muitos sustos e desespero, o escritor de folclore consegue finalmente retornar pra sua casa, o apartamento onde morava com sua esposa Marina (Lúcia Veríssimo). Quem abre a porta é Mendonça (Daniel Dantas), agora amante de Marina, fato que Proença já sabia, mas fingia desconhecer pra não ter trabalho, pra não se aborrecer, do mesmo jeito que fazemos com um problema que não nos ameaça. O desfecho é um espetáculo, Mendonça é punido de forma brilhante.
A direção de Hugo Carvana está na medida certa entre o drama, a comédia, a crítica e um certo lirismo. O Homem Nu começa com o barulho da chuva e a delicadeza do som vai se misturando com sirenes de polícia, rumores da multidão, etc., sons que dão a introdução perfeita, que despertam o desejo de assistir. Esse equilíbrio da direção e um roteiro excelente dão o tom para que o espectador chegue ao final e reflita sobre várias questões. Acho que se um filme provoca essa reação, justifica sua produção.


Ficha Técnica:



Gênero: Comédia

Direção: Hugo Carvana
Roteiro: Fernando Sabino
Elenco: Cláudio Marzo, Daniel Dantas, Isabel Filardis, Lúcia Veríssimo, Maria Zilda Bethlem
Produção: Marta Alencar
Fotografia: Nonato Estrela
Trilha Sonora: David Tygel
Duração: 75 min.
Ano: 1997

Premiações e indicações:


Festival de Gramado 1997 (Brasil)



- Venceu na categoria Competição Brasileira: Melhor Ator (Cláudio Marzo).
- Indicado na categoria Competição Brasileira: Melhor Filme.

Festival do Cinema Brasileiro de Miami 1998 (EUA)
- Venceu na categoria de Melhor Roteiro.


O Homem Nu é um filme dirigido por Hugo Carvana, com roteiro de Fernando Sabino, baseado em crônica sua, do livro O Homem Nu.



Por: Dalia Hewia