quarta-feira, 27 de junho de 2018

Resumo crítico do livro Quase Tudo - Danuza Leão

A autobiografia começa mesmo sem pretensão, absorvendo minha atenta leitura e  sensibilidade a tal ponto que o caso de amor se instala desde o princípio, entre eu e o livro, sendo impossível para mim, leitora voraz e simples crítica, abandonar a obra sem aplacar minha curiosidade e imaginação desejosas de serem amplamente satisfeitas, incluindo relatos e detalhes, memórias, histórias recheadas de fatos inusitados, ricos e interessantes e todos esses elementos chegam juntos, trazendo esclarecimentos, informação, diversão e um mergulho profundo na alma de quem ainda se encanta com a efervescência da vida.
Danuza foi muito, foi quase tudo, Danuza é a tradução de um mundo cheio de cores, sons, gestos, luzes, amores, amizades, viagens, lugares, pessoas importantes dependendo dos conceitos e valores gerais, individuais ou sociais, mas todas indiscutivelmente importantes como seres que mereciam e merecem atenção, simpatia e empatia de uma pessoa livre e capaz de exercer e lutar por essa sua liberdade de sentimentos e escolhas.
Danuza conta algo de sua infância, descreve características dos familiares, passeia de leve pela adolescência que quase não teve, porque o trabalho a encontrou muito cedo e como houve trabalho! Com que alegria Danuza Leão encontrou em cada trabalho que surgiu ou lhe foi oferecido, sempre uma oportunidade de exercer sua competência, demonstrada após o aprendizado. Pessoa ousada, Danuza encarava mesmo que com insegurança, o desconhecido, tirando um imenso prazer disso. Jamais recusava trabalho, era forte e independente mesmo que em algumas fases, quando casada, se transformasse em gueixa, mas uma gueixa assumida, submissa em algumas questões mas enquanto queria, apenas pelo tempo que sua intensa liberdade de espírito lhe permitia. Teve três companheiros, três esposos admiráveis como pessoas e amigos ( com ressalvas ao egoísmo excessivo do segundo, Antonio Maria), filhos adoráveis, netos, bisnetos e concordo plenamente com a autora quando diz que em sua cabeça, jamais saiu dos trinta e cinco anos, eu também nunca saí dessa idade e ai de quem tente me tirar.
Danuza teve perdas sérias pelas circunstâncias, mas toda perda é séria e não há explicação plausível para a dor e o sofrimento.
Li outros livros da mesma autora e de todos gostei, mas esse me encantou pelo excesso de generosidade com que expõe seus momentos, conflitos, alegrias, descobertas e um tanto de vaidade, porque pessoa sem vaidade é muito chata, vamos combinar.
Danuza bem nova aprendeu a costurar e assim foi costurando ao longo da vida seus tecidos de cetim, seda ou algodão, vivendo intensamente num turbilhão de emoções, e continua  tecendo  ao longo dos capítulos, seus pontos claros, densos ou a ponderar. Ela foi manequim, jurada de programa de televisão, dona de butique e sócia de restaurante, foi amante, conselheira, relações públicas, cronista social, gente feliz, sempre ousada, amiga, recepcionista de pessoas Vip, foi repórter, colunista, escritora, viajante incansável.
Danuza é, e sendo, oferece muito do seu conhecimento e sua experiência acumulada nas inúmeras voltas que a vida dá, deixando no esquecimento do passado, sabiamente, as bagagens desnecessárias. Danuza me traduz na ânsia das novas descobertas, na paz de sua bendita solidão e na sensibilidade que a faz enxergar o mundo e as pessoas como são, sem pausas para julgamentos, mas sempre com entrelinhas dignas de elogios, porque todas as pessoas de seu convívio (quase todas) evidenciam alguma característica à ser admirada.
O carinho em relação a irmã (Nara Leão), aos pais, o amor aos três filhos que teve com Samuel Wainer e ao próprio Samuel, homem amante da sua profissão de repórter e dono de jornal, carismático como poucos, inteligente, prestígio notável, grande participante dos rumos da nação na época, tudo isso constitui um forte motivo para que não se consiga terminar o livro sem um toque de nostalgia.
Posso dizer sem sombra de dúvida:
- Ah, Danuza, quando eu crescer quero lhe conhecer, quero ser igual à você e também lhe parabenizar por sua maneira tão peculiar de sentir a vida. Ih, mas já cresci...E agora? Só me resta guardar na memória muito dessa sua história, divulgar e recomendar a leitura.
O livro Quase Tudo não é quase, é  todo, é muito, é tudo!

Por: Dalia Hewia

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