domingo, 19 de julho de 2015

MIDNIGHT IN PARIS

Minha visão do filme:

Woody Allen é um gênio e essa genialidade sempre fica evidente em seus filmes, porque através de seus impecáveis roteiros, a oportunidade de uma profunda reflexão se instala na mente dos espectadores. No caso de Midnight in Paris não é diferente. O personagem principal, Gil Pender (Owen Wilson), escritor e roteirista, tem uma profunda insatisfação com a mesmice de seu trabalho, se sente entediado e quer escrever algo diferente daquilo que sempre fez. Ao mesmo tempo, é um saudosista e em sua busca de inspiração, consegue penetrar num mistério e ao mesmo tempo realizar seu louco desejo, de conhecer a Paris dos anos dourados. Vivendo em dimensões de tempo e espaço diferentes, ele reflete e percebe que é próprio do ser humano querer buscar o inatingível, porque aquilo que não temos nos parece quase sempre mais atraente. Seus valores são colocados em dúvida,  seus questionamentos sobre temas complexos como vida, morte, trabalho, amor, ética e autoestima, este último muito importante para sucesso em qualquer profissão, são debatidos em conversas profundamente enriquecedoras com personagens que fizeram história e que parecem saídos do seu sonho. Na cidade luz e através da mágica da arte, seus pensamentos também são iluminados, seus sentimentos confrontados e esclarecidos, tudo adquire um novo brilho e um novo sentido. A sua confusão mental é ao mesmo tempo perturbadora para os que não estão vivendo seu rico universo e positiva para ele, porque percebe que em seu trabalho pode trilhar quase o mesmo caminho, mas com um novo curso, um novo sentido, que fará tudo em sua vida parecer também mais promissor. Percebe que a nostalgia está presente em todos quase o tempo todo e que a realidade não é encantadora se a compararmos com um sonho, mas o próprio sonho, quando vivido, acaba se tornando também insípido, se nele deixamos a rotina se instalar. Gil sabe que essa busca desenfreada do ser humano é eterna, mas também angustiante se não percebemos as situações enriquecedoras do processo. Gil percebe ainda que a realidade pode ser boa e prazerosa, desde que estejamos disponíveis e alertas e que sejamos sempre a nossa verdadeira expressão da essência.


 O filme Midnight in Paris deixa evidente desde o início, a insatisfação e busca eternas e inerentes ao ser humano. Gil Pender (Owen Wilson) é escritor e roteirista norte americano, faz uma viagem à Paris (cidade que ele idolatra) com sua noiva Inês (Rachel McAdams) e os pais dela. Ali, inebriado pelo encanto da cidade e entediado com a arrogância e frivolidade da noiva e de seus pais, resolve caminhar sozinho pelas ruas de Paris, para que se inspire a continuar escrevendo sua novela, que ele não quer mostrar a ninguém, não quer que ninguém leia ou avalie sua obra inacabada. Gil é um homem sonhador e saudosista, tem um forte desejo de ter vivido nos anos 20, era de ouro da cidade luz, com seus pintores, escritores e demais artistas que ali viviam nessa época. Em sua primeira caminhada noturna Gil se perde e não encontra pessoas que falem seu idioma. Cansado, senta-se nuns degraus de uma igreja e quando o sino badala a meia-noite aparece um carro antigo, com pessoas festivas vestidas como nos anos áureos de Paris e o convidam a entrar e participar das festas as quais eles iriam. Um pouco embriagado e ao mesmo tempo surpreso, Gil entra no carro e as cenas a seguir parecem saídas de um filme de ficção, porque os lugares que o esperam, as festas e as pessoas são exatamente seu objeto de desejo e ele percebe que está em outra dimensão do tempo, vivendo seu desejo materializado. Conhece Ernest Hemingway, Salvador Dali, Scott Fitzggerald, Gertrud Stein (que inclusive lê e avalia sua obra) e outros que se fizeram imortais por suas obras e genialidade. Suas saídas noturnas viram rotina, ele está fascinado com seu sonho e começa paralelamente a perceber a pouca afinidade existente entre ele e sua noiva. Apaixona-se por Adriana (Marion Cotillard), uma linda melindrosa que vive nessse mundo de sonho noturno e que é cobiçada por muitos, mas Adriana é como ele, uma insatisfeita com sua era e uma sonhadora também, ela deseja ter vivido em um outro tempo anterior a realidade dela, assim como ele.
 No hotel em Paris seu sogro procura uma agência de investigações, porque desconfia das saídas noturnas do futuro genro e quer provar algo contra ele que faça sua filha acabar com o noivado, mas o agente designado para segui-lo dá as primeiras informações e logo depois desaparece misteriosamente. Inês, noiva de Gil, incapaz de compreender as loucuras dele, começa a ter um caso com um arrogante amigo, um homem que seria considerado medíocre e chato para muitos, mas que aos seus olhos é possuidor de uma vasta cultura. Realidade e fantasia se misturam no longa. Hemingway conta para Gil que sua noiva o trai, ele a pressiona, ela confessa, ele termina o relacionamento, os pais dela ficam extremamente felizes e aliviados, por se livrarem daquele noivo da filha tão deslocado em seus mundos frívolos.
 Gil tenta se relacionar mais intimamente com Adriana, mas ela prefere ficar em outra época e viver seu sonho eternamente. Gil, ao contrário, percebe que não é possível viver para sempre em dois mundos e escolhe a realidade, se permitindo então viver um relacionamento com uma garota que ele tinha conhecido também poucos dias antes e que trabalha numa barraca de antiguidades musicais. Ela, assim como ele, adora Paris e principalmente passear na chuva em Paris, a cidade luz onde tudo pode acontecer. No longa, a trilha sonora é romântica e espetacular. A fotografia é primorosa, delicada e faz a mágica de transportar o espectador para cada cena dando a nítida sensação de inserção em cada lugar, em cada ambiente, em cada espaço.



Ficha Técnica:

Gênero: Comédia Dramática
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Adrien Brody, Adrien de Van, Alison Pill, Audrey Fleurot, Carla Bruni, Catherine Benguigui, Corey Stoll, Daniel Lundh, David Lowe, Emmanuelle Uzan, François Rostain, Gad Elmaleh, Guillaume Gouix, Karine Vanasse, Kathy Bates, Kurt Fuller, Laurent Claret, Laurent Spielvogel, Léa Seydoux, Marcial Di Fonzo Bo, Marianne Basler, Marie-Sohna Conde, Marion Cotillard, Maurice Sonnenberg, Michael Sheen, Michel Vuillermoz, Mimi Kennedy, Nina Arianda, Olivier Rabourdin, Owen Wilson, Rachel McAdams, Sava Lolov, Serge Bagdassarian, Sonia Rolland, Thérèse Bourou-Rubinsztein, Thierry Hancisse, Tom Cordier, Tom Hiddleston, Vincent Menjou Cortes, Yves Heck


Por: Dalia Hewia

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